"Desde o ínicio, a fotografia profissional propunha-se , tipicamente, a ser a variedade mais abrangente de um TURISMO DE CLASSE, em que a maioria dos fotógrafos combinava uma coleta de dados da degradação social com retratos de celebridades ou de mercadorias (alta moda, publicidade) ou com estudo de nus. Muitas carreiras exemplares do século XX (como as de Edward Steichen, Bill Brandt, Henri Cartier- Bresson, Richard Avedon) se desenvolveram por meio de bruscas mudanças de nível social e de relevância ética do tema. Talvez a ruptura mais dramática seja aquela ocorrida entre as obras pré e pós guerra de Bill Brandt. Ter passado das fotos implacáveis da penúria da Depressão do Norte da Inglaterra aos retratos de celebridades elegantes e aos nus semi abstratos das últimas décadas parece, de fato, uma longa viagem. Para Sontag não existe nada particularmente idiossincrático, ou talvez até incoerente, nesses contrastes. Viajar entre realidades degradadas e glamourosas faz parte do próprio impulso original da atividade fotográfica."
A mudança de direcionamento temático faz parte de uma construção do sujeito "fotografo", da aura que envolve o "ser" portador de uma camêra. A busca do fotógrafo por uma cena que transcenda a cena desinteressante, a busca por uma cena que seja revestida de uma irrealidade, o leva a direções diversas e as vezes opostas.
Sendo assim a pobreza não é mais surreal do que a riqueza; um corpo envolto em farrapos imundos não é mais surreal do que uma principessa trajada para um baile, ou do que um nu imaculado.
"A escola pública está em apuros"
Há 2 dias